Conheça as causas, sintomas e tratamento para o desgaste no quadril

POR RAFAEL FENATO - 8 MINUTOS DE LEITURA

O desgaste no quadril é muito comum em idosos e, principalmente, em mulheres. A característica mais comum encontrada em pacientes que sofrem com esse problema é a cartilagem que liga o quadril ao fêmur estar desgastada ou, até mesmo, inexistente.

O desgaste no quadril pode ter diversas origens: traumatismos antigos, alterações congênitas (ou seja, no nascimento), além de questões genéticas, quando pessoas da mesma família já apresentam a doença.

Apesar destas características bem definidas, alguns pacientes jovens também podem apresentar esta doença. Estas pessoas geralmente apresentam alteração do formato da articulação, problemas do quadril na infância, reumatismo ou sequelas de fratura.

Os principais sintomas encontrados em pessoas que sofrem pelo desgaste no quadril são as dores, que aparecem principalmente ao fazer movimentos simples do dia-a-dia, como:

  • Andar
  • Levantar da cadeira
  • Entrar no carro
  • Cruzar as pernas
  • Amarrar os calçados

É possível tratar o desgaste no quadril de forma menos invasiva, com remédios e mudança de hábitos ou, em casos mais complexos, com cirurgia. Isso vai depender de qual é o estágio desse desgaste e também de uma avaliação com profissional qualificado.

Desgaste no quadril: muito além das dores

Além das dores, o desgaste no quadril pode ser sentido também como se algo estivesse raspando na região. Até o barulho de um estalo, o famoso creck-creck, pode ser ouvido por conta de um desgaste avançado. 

Conforme a doença não é tratada de forma adequada, a rotina do paciente torna-se limitada e exercer atividades simples do cotidiano que exijam o movimento do quadril ficam desafiadoras.

A dor do desgaste no quadril é de localização profunda, na região da virilha e não é palpável. Ela pode ser sentida como sendo uma dor no joelho e isso pode confundir o diagnóstico. 

Dor no joelho pode confundir diagnóstico de desgaste no quadril

Dores na coluna também podem ser confundidas com as dores provocadas pelo desgaste no quadril. Por isso a importância de buscar um ortopedista para investigar as possibilidades e chegar a um diagnóstico correto. 

Além de todos esses sinais citados, o desgaste no quadril também pode estar ligado a outros sintomas:

  • Dificuldade de fazer movimentos do quadril, com sensação que a perna está travada
  • Dores para levantar do vaso sanitário, entrar ou sair do carro, subir e descer escadas
  • Marcha manca ou claudicante
  • Sensação de falseio na perna
  • Sentir menos força para caminhar

Posso evitar o desgaste no quadril?

O desgaste no quadril é mais comum em pessoas acima dos 45 anos, portanto, a idade é um fator que influencia no aparecimento do problema.

Mas, algumas atitudes podem ajudar a adiar ou até mesmo fazer com que o problema não apareça de forma precoce. Confira quais são:

  • Evitar sobrepeso e obesidade, pois o peso em excesso pode sobrecarregar as articulações e produz uma inflamação generalizada no corpo, que afeta também as articulações.
  • Alimentar-se de forma saudável, com alimentos ricos em colágeno e propriedades anti-inflamatórias, como peixes, frutas secas, vitamina C, cúrcuma, gengibre, etc.
  • Evitar o consumo de alimentos que induzem a inflamação, como farinha, açúcar, industrializados e embutidos.
  • Fazer exercícios físicos regularmente para  fortalecer e manter a saúde das articulações.
  • Se já tiver tendência a sofrer com o desgaste no quadril, evite atividades de alto impacto.

Como é feito o diagnóstico?

O desgaste no quadril deve ser diagnosticado por um ortopedista especializado em quadril: somente ele vai saber como proceder a investigação correta para cada caso.

Para saber se o quadril do paciente está comprometido e se esse desgaste é leve ou moderado, o médico geralmente solicita uma radiografia. Na maior parte dos casos, um exame como esse já pode confirmar o diagnóstico. Mas, quando o desgaste é leve ou existe a possibilidade de outras doenças articulares, a ressonância magnética do quadril deve ser feita.

A partir daí, o especialista vai avaliar se o tratamento indicado é o que chamam de conservador - sem cirurgia - ou se a melhor opção é a cirúrgica.

Como tratar o desgaste no quadril sem cirurgia?

Não existe milagre para o tratamento da artrose no quadril. Na verdade, uma somatória de tratamentos são indicados e individualizados para cada pessoa específica.

Perder peso, fazer exercícios leves e fisioterapia para o fortalecimento muscular são alguns dos tratamentos iniciais e menos invasivos para a maioria dos casos de desgaste no quadril.

Atividades físicas como natação, hidroginástica e ciclismo também são indicadas para manter o movimento da articulação. Tudo isso pode ser associado a medicações específicas para aliviar a dor ou reduzir a evolução do desgaste.

Repouso também é indicado em alguns casos, além de mudar hábitos que causam dor, como melhorar a postura e adaptar algumas rotinas do trabalho. Usar bengalas, muletas ou andador também auxiliam a diminuir a dor nas formas mais graves de desgaste.

Outro tratamento disponível é a infiltração no quadril

Nesse procedimento, um medicamento é injetado através de uma agulha em uma estrutura ou região, no caso, o quadril. A infiltração é uma técnica utilizada para tratar muitas doenças ortopédicas e pode ser aplicada nas articulações, musculatura, nervos e tendões.

Ela é indicada para tratar dores severas, lubrificar a articulação, diminuir o processo inflamatório, ativar a cicatrização local e amenizar o problema.

Antigamente, existia praticamente um único tipo de infiltração, realizada com corticóide e anestésico.

Hoje, podemos realizar infiltração dentro da articulação com lubrificantes (como o ácido hialurônico), bloqueio de nervos para melhorar a percepção de dor, infiltração de produtos antioxidantes, mesoterapia, proloterapia e eletroestimulação.

É importante destacar que algumas terapias indicadas para o desgaste no quadril ajudam a diminuir a inflamação na região e aumentam a cicatrização dos tecidos. Mas elas devem ser feitas com base nas características individuais de cada organismo.

Nesses casos, nem sempre o que é bom para um paciente é bom para todos.

A palavra de ordem para qualquer tratamento de desgaste é a individualização do tratamento, na tentativa de perceber o que cada organismo mais necessita.

Como é feita a cirurgia para resolver o desgaste no quadril?

O tratamento cirúrgico para o desgaste no quadril é a alternativa para quadros mais avançados da doença e também quando as terapias menos invasivas não dão resultado. Caso ainda exista cartilagem e a dor possa ser controlada com medicamentos e outras terapias, o procedimento de substituição da articulação deve ser evitado.

Em casos iniciais, um procedimento minimamente invasivo, chamado videoartroscopia do quadril pode ser feito com excelentes resultados e rápida recuperação.

Mas, no caso de dores severas, a cirurgia de prótese de quadril traz resultados que melhoram a qualidade de vida do paciente e o ajudam a voltar às atividades de rotina.

A artroplastia total de quadril, como é chamada de forma mais técnica, substitui a cartilagem e a área afetada do quadril por uma prótese, feita com uma parte plástica ou de cerâmica e uma parte metálica. Essas estruturas estão ligadas ao osso do quadril e ao fêmur.

O procedimento é considerado uma operação de grande porte e deve ser realizada por uma equipe especializada.

O quadril é substituído por outro, artificial, onde o grande objetivo é aliviar a dor e melhorar a sua qualidade de vida. Trata-se de uma cirurgia segura e confiável.

Porém, para obter o sucesso, três fatores são essenciais:

  • Técnica operatória mais adequada
  • Prótese correta para cada paciente
  • Atenção aos cuidados pós-cirúrgicos

O pós operatório para a cirurgia do quadril exige alguns cuidados, mas com orientação médica e de um fisioterapeuta, é permitido fazer alguns movimentos e deambular logo após a cirurgia.

As atividades cotidianas geralmente são liberadas entre 30 e 60 dias com leves adaptações. Aos 3 meses de cirurgia, o organismo já está bem adaptado.

Após este período, atividades físicas como caminhada, ciclismo, natação, hidroginástica, musculação, pilates são recomendadas e devem ser incentivadas.

Há cura para desgaste no quadril?

A cartilagem do quadril que sofreu um desgaste ao longo dos anos não se recupera mais, ou seja, uma lesão grave de cartilagem é irreversível; não há cura para desgaste no quadril. 

Mas, isto não quer dizer que não tenha tratamento. Com a evolução da tecnologia em saúde, é possível tratar a articulação doente, diminuir inflamação e cicatrizar lesões instáveis.

Uma tecnologia muito moderna que está sendo estudada para a articulação do quadril é a Medicina Regenerativa. Ela visa substituir, cicatrizar ou regenerar células e tecidos, a fim de restabelecer uma função mais próxima do normal. Esta área é promissora e ainda não está acessível para a maioria dos pacientes.

Por isso é fundamental buscar profissionais sérios, que conheçam o que existe de mais moderno no tratamento das lesões de cartilagem. Isso pode garantir uma vida saudável e sem limitações.

Para cada paciente existe uma terapia específica, que varia desde a perda de peso, consumo de vitaminas e protetores de cartilagem, fisioterapia, fortalecimento muscular sem impacto, medicamentos e infiltrações. Em casos específicos, videoartroscopia, osteotomia ou prótese.

Só não pode se acostumar com a dor. 

Inovação e tecnologia para o bem-estar do corpo. Afinal, todos temos bons motivos para manter a vida em movimento.

Dr. Rafael Fenato

Dr. Rafael Fenato

CRM 23.460 / RQE 962
Ortopedista

Médico especialista em ortopedia, cirurgia do quadril utilizando técnica minimamente invasiva e medicina do trabalho. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dedicado a promover qualidade de vida, desenvolve pesquisa relacionada aos distúrbios do quadril e compartilha em seus canais orientações práticas para agregar conhecimento aos demais profissionais e melhorar a saúde das pessoas.

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