O que você precisa saber sobre a cirurgia de quadril em idosos

POR RAFAEL FENATO - 6 MINUTOS DE LEITURA

A cirurgia de quadril em idosos é um procedimento cirúrgico muito comum no país. Contudo, ainda há dúvidas relevantes quanto à segurança, riscos e recuperação, em virtude do fator idade. 

Estimativas do IBGE apontam que, até 2060, 25,5% da população terá mais de 65 anos, o equivalente a 58,2 milhões de pessoas. Público propenso a quedas e outras enfermidades, como o desgaste da cartilagem, que demandam intervenção cirúrgica. 

Por certo, como qualquer outro procedimento cirúrgico, a cirurgia de quadril em idosos envolve riscos. Contudo, a evolução das técnicas e tecnologia têm, por finalidade, reduzi-los, tornando a cirurgia mais segura e de fácil recuperação. 

Quais são os tipos de cirurgia de quadril?

A princípio, temos duas categorias de cirurgia de quadril em idosos, sendo elas cirurgias para correção de fraturas e para o tratamento da artrose (artroplastia de quadril).  

Correção de fratura

A maioria das fraturas de quadril estão associadas a uma queda e dependente principalmente do grau de osteoporose que a pessoa tem.

Quando o quadril está fraturado, o paciente geralmente sente dor forte e profunda na virilha ou na lateral do quadril.

A fratura do quadril é considerada uma fratura grave pois obriga o paciente a permanecer por um longo período na cama, aumentando o risco de desenvolver alguns problemas graves. Sendo que estes fatores de risco são mais comuns em pessoas idosas.

O tratamento da fratura de quadril normalmente é feito por meio de cirurgia.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cirurgia possibilita que os pacientes voltem a andar o mais rápido possível, abreviando significativamente o tempo que elas permaneceriam acamadas. Isto reduz drasticamente algumas complicações como pneumonia, trombose, embolia pulmonar e úlceras.

Artroplastia de quadril ou prótese de quadril

A artroplastia de quadril, também chamada de cirurgia de prótese de quadril, consiste na remoção da articulação que apresenta perda de cartilagem ou desgaste. No lugar, é então colocada a articulação artificial. 

A cirurgia tem, como objetivo, retirar a dor, garantir a movimentação da articulação e, consequentemente, garantir a qualidade de vida.

Realizado desde a década de 60, garante bons resultados após um procedimento rápido e seguro, mesmo quando falamos em pacientes com idade avançada. Afinal, o desgaste da articulação acomete mais pacientes idosos do que indivíduos jovens.

Quando uma cirurgia de quadril em idosos deve ser realizada?

Em primeiro lugar, antes de qualquer procedimento cirúrgico, o paciente deve ser clinicamente avaliado pelo ortopedista com a finalidade de estabelecer o diagnóstico e indicar corretamente o procedimento. A investigação compreende o conhecimento do histórico do paciente, exames físicos e de confirmação com exames de imagem.

Quais são os benefícios da cirurgia de quadril para os idosos?

Benefícios da cirurgia de quadril em idosos

Muito se fala sobre os riscos, mas de fato, há que se destacar os benefícios da cirurgia em idosos. Pessoas idosas com problemas de quadril, antigamente eram permanentemente relegadas ao uso de cadeiras de rodas ou andadores. 

Graças à evolução das técnicas, as vantagens se sobrepõem, com destaque para a autonomia, bem como a liberdade e qualidade de vida do paciente após a cirurgia. Quando os riscos de uma fratura ou de uma restrição definitiva por um desgaste forem maiores que os riscos de uma cirurgia, ela será bem indicada. Podemos mencionar como benefícios do tratamento cirúrgico: 

  • Redução nas dores do quadril, facilitando a mobilidade do idoso.
  • Melhora da função do coração e pulmão pela não necessidade de repouso.
  • Menor risco de decúbito, ou seja, a pessoa não precisa ficar deitada até que uma fratura se recupere.
  • Reabilitação e retorno rápido às atividades normais.
  • Menores riscos de complicações como já mencionado no caso das fraturas.

Os benefícios são ainda maiores diante dos tipos de procedimentos hoje aplicados, de fato, menos invasivos e mais seguros.  

Quais são os riscos da cirurgia de quadril em idosos?

De acordo com estudos realizados no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, fraturas de quadril representam 50% das internações por trauma nos hospitais de pronto-socorro. Consequentemente, constituem número importante de procedimentos cirúrgicos ortopédicos.  

Ainda que os problemas pós-operatórios sejam cada vez mais raros, graças à evolução das técnicas utilizadas, ainda existem, analogamente a qualquer procedimento cirúrgico. Entre os mais comuns, estão: 

  • Trombose: formação de coágulos nos vasos sanguíneos devido à imobilização. A intercorrência, entretanto, é evitada com reabilitação precoce, uso de meias elásticas e uso de anticoagulante. 
  • Problemas cardíacos: eles estão entre os principais problemas que ocorrem após a cirurgia. Por exemplo, insuficiência cardíaca e descompensação. Contudo, os riscos caem de forma significativa diante de um pré-operatório completo, com exames e observação do histórico do paciente. 
  • Problemas renais: por vezes, o paciente pode ser acometido por insuficiência renal, principalmente aqueles que tenham condições pré-existentes, tais como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Mais uma vez, valem os exames pré-cirúrgicos, além de intervenções rápidas.  
  • Pneumonia: complicação também capaz de ser reduzida com uma reabilitação adequada.
  • Infecção: normalmente ligada ao quadro de estabilidade clínica e nutricional do paciente. Um cuidado especial deve ser dado a pacientes com diabetes descompensada.

Importante ressaltar que tais riscos são apresentados por uma parcela mínima dos pacientes. De qualquer forma, é crucial haver o acompanhamento médico antes e depois do procedimento, incluindo exames, tratamento e controle de comorbidades. 

Tempo de recuperação da cirurgia de quadril em idosos

O tempo de recuperação de uma cirurgia de quadril em idosos varia de acordo com o procedimento realizado. Para exemplificar, as atividades cotidianas após a cirurgia de prótese de quadril são liberadas de 30 a 60 dias após o procedimento. Entretanto, logo após a cirurgia, o paciente já é encorajado a caminhar com a ajuda de um andador. 

Por outro lado, o tempo de recuperação de uma fratura tratada com placa ou parafusos pode ser mais demorada. A liberação para caminhar pode demorar o mesmo tempo que a fratura leva para se consolidar, entre dois a três meses.

Deve-se destacar, ainda, que todo paciente idoso que é submetido a uma cirurgia deve ter um acompanhamento minucioso do profissional ortopedista. Só assim existirá uma recuperação adequada e livre de imprevistos. Quando oportuno, poderá haver a necessidade de acompanhamento com um médico clínico ou cardiologista.

O apoio e suporte familiar neste período é de suma importância.

Quanto mais informação mais coragem para decidir

As cirurgias de quadril em idosos são procedimentos ortopédicos muito comuns, principalmente pela propensão deste público a fraturas e artrose.

Ainda que haja os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, as cirurgias de quadril apresentam intercorrências cada vez mais raras. Isso se dá graças à evolução das técnicas menos invasivas e de uma reabilitação cada vez mais precoce.

Com o objetivo de reduzir tais riscos e garantir recuperação mais rápida, é necessário acompanhamento médico rigoroso. E, mais ainda, ressaltar os benefícios desse tipo de cirurgia, em especial, na garantia de qualidade de vida e autonomia do paciente. 

Enquanto os riscos são conhecidos, calculados e principalmente mantidos sob controle, os benefícios são imensuráveis, pois somente o idoso e seus cuidadores poderão estimar a melhora na qualidade de suas vidas.

Dr. Rafael Fenato

Dr. Rafael Fenato

CRM 23.460 / RQE 962
Ortopedista

Médico especialista em ortopedia, cirurgia do quadril utilizando técnica minimamente invasiva e medicina do trabalho. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dedicado a promover qualidade de vida, desenvolve pesquisa relacionada aos distúrbios do quadril e compartilha em seus canais orientações práticas para agregar conhecimento aos demais profissionais e melhorar a saúde das pessoas.

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