Não há muitos dados específicos sobre o ronco em crianças, pois muitos pais acabam não percebendo ou ignorando esse problema. Mas, embora seja mais comum em adultos, o ronco frequente e alto também atinge os pequenos e pode estar relacionado a problemas mais graves.
Neste texto, vamos abordar os principais aspectos do assunto, para que você entenda quando o ronco em crianças não é normal, quais os médicos que devemos procurar e o que não se deve fazer de jeito nenhum.
Confira!
É normal uma criança roncar?
Sim. É normal desde que não seja constante e nem prejudique o sono.
Geralmente, a respiração da criança durante o sono é silenciosa. Então, quando começamos a notar um ronco insistente e alto, é hora de dar mais atenção ao problema.
Pois, uma boa noite de sono é fundamental para o bom desenvolvimento da criança. Quando ela não descansa o suficiente, isso interfere em sua energia para as atividades do dia a dia e para o seu bem-estar geral.
Além disso, os quadros de ronco podem evoluir para a Apneia Obstrutiva do Sono, quando a criança para de respirar por alguns segundos durante o sono. Esse distúrbio causa diversos prejuízos a longo prazo, como:
- Déficit de crescimento
- Déficit de atenção
- Prejuízos para o sistema cardiovascular
Alguns desses problemas podem afetar a vida da criança durante anos. Os pais também acabam sofrendo durante o processo, pois têm o seu sono prejudicado por se preocuparem se a criança está dormindo bem e respirando adequadamente durante a noite.
Quais os sinais de que o ronco em crianças representa um problema mais grave?
Nem sempre os pais são capazes de perceber que a criança está roncando de forma anormal, mas existem alguns sinais que mostram que a situação precisa de um pouco mais de atenção.
Então, se você suspeita que seu filho ou criança pela qual você é responsável está roncando muito, fique atento aos seguintes aspectos:
- A criança fica cansada durante o dia ou hiperativa
- Dificuldades de concentração e baixo rendimento na escola
- Ganho de peso significativo
- Pressão alta
- Sono inquieto, com dificuldades de respiração, suspiros e ranger de dentes
- Despertar várias vezes durante a noite
- Enurese noturna
- Dores de cabeça pela manhã
Embora esses fatores tenham ligação com os distúrbios respiratórios do sono, eles também podem ter outras causas. Sendo assim, a avaliação de um especialista é indispensável para identificar o problema corretamente.
O que causa o ronco em crianças?
O ronco é causado pela vibração do tecido ao redor das vias aéreas superiores durante os movimentos de inspiração e expiração. O ruído provocado é característico e incômodo para quem está por perto.
Essa situação ocorre quando o espaço para a passagem do ar se estreita durante o sono, impedindo que ele flua livremente. O estreitamento desse canal em crianças pode ter diversas causas.
Inchaço das amígdalas e adenóides
Aqui temos uma das causas mais comuns do ronco em crianças.
As amígdalas e adenóides fazem parte do sistema imunológico e estão localizadas na parte posterior da garganta.
Há casos em que elas são naturalmente maiores do que o normal, e outros em que as glândulas incharam por causa de alguma infecção. Em ambas as situações, elas são capazes de contribuir para o ronco.
Excesso de peso
Crianças com excesso de peso ou algum grau de obesidade podem sofrer um estreitamento das vias aéreas, o que pode levá-las a roncar e até sofrer de Apneia Obstrutiva do sono.
Problemas no sistema respiratório
Doenças como a asma prejudicam a respiração e podem causar um bloqueio parcial das vias aéreas, o que resulta em episódios de ronco.
Da mesma forma, resfriados e alergias causam inflamações na garganta e nas amígdalas e adenóides, o que resulta no bloqueio do fluxo normal de ar.
Características naturais da criança
Algumas pessoas nascem com diferenças anatômicas que dificultam a respiração e podem causar o ronco, como o desvio de septo.
Contato com ar contaminado
O ar de baixa qualidade já é um grande desafio para os adultos, e pode prejudicar as crianças de forma ainda mais severa, afetando seu sistema respiratório e causando o ronco.
O mesmo acontece em ambientes onde a criança é exposta a fumantes.
Quais os tratamentos e o que fazer quando uma criança começa a roncar?
Deu pra notar que o ronco em crianças deve ser levado muito a sério.
Então, ao identificar os primeiros sintomas, algumas atitudes devem ser tomadas.
A família ou cuidador deve acompanhar a situação de perto
Quando desconfiar que uma criança está roncando de forma insistente e alta, os responsáveis precisam fazer um acompanhamento mais cuidadoso por alguns dias.
Então, verifique o sono da criança, observando se ela realmente ronca com frequência e se seu sono está agitado. Também é importante procurar por sinais de cansaço e desatenção durante o dia.
Marque uma consulta com um profissional
Se o quadro de ronco não desapareceu em alguns dias, o próximo passo é procurar um profissional capacitado para realizar o tratamento.
O especialista mais indicado para ajudar em distúrbios do sono, como o ronco, é o otorrinolaringologista. Esse profissional é capaz de avaliar a respiração, audição, deglutição, voz e saúde das cordas vocais. Ou seja, várias regiões que podem estar associadas ao ronco.
Mas, dependendo das causas do problema, outros profissionais podem ser envolvidos, como pneumologista, neurologista, fonoaudiólogo, dentista e fisioterapeuta.
Muitas vezes, em cenários de dúvida, os pais também procuram por um pediatra, assim ele pode fazer uma avaliação e encaminhar para o especialista mais indicado.
Faça exames para obter um diagnóstico mais preciso
Durante a consulta, um especialista como o otorrinolaringologista pode pedir alguns exames para chegar à causa do ronco em crianças. Um dos mais comuns é a polissonografia, que também pode ser realizada pelo fisioterapeuta respiratório.
Nesse exame, o paciente é monitorado por equipamentos durante toda a noite, para o registro de dados que auxiliam o médico em seu diagnóstico.
Siga as terapias indicadas
Como parte do tratamento, o especialista pode indicar várias coisas, incluindo a fisioterapia, em que o paciente vai aprender diversos exercícios com os músculos da garganta, para impedir que as vias aéreas superiores se fecham durante o sono.
Nesses casos, um profissional como o fonoaudiólogo pode receitar os melhores exercícios.
Medique a criança de acordo com a orientação médica
Dependendo da causa encontrada para o ronco em crianças, o especialista pode receitar medicamentos, que devem ser administrados na dose e horas corretas. Por exemplo, quando o ronco está relacionado com infecções do sistema respiratório, os medicamentos certos são fundamentais para a recuperação.
Exercícios físicos para tratar o ronco em crianças
Os exercícios físicos ajudam a melhorar a saúde e o sono de uma maneira geral, deixando a pessoa mais relaxada e fazendo-a dormir mais profundamente e com menos interrupções.
Além disso, a prática regular de exercícios reduz a obesidade, que é uma das causas mais frequentes do ronco em crianças.
Em alguns casos pode ser necessária uma intervenção cirúrgica
Quando a criança tem alterações nas amígdalas e adenóides, a cirurgia para a retirada das glândulas é o mais indicado. O procedimento é conhecido como adenotonsilectomia.
Atitudes que podem agravar o problema de ronco em crianças
Depois que vimos os procedimentos corretos a serem adotados para resolver o problema do ronco em crianças, é hora de dar uma olhada em tudo o que não deve ser feito.
Pois, muitas pessoas não costumam ver o ronco como um problema sério, fazendo com que ele seja tratado sem o devido cuidado.
Não dar a devida importância ao sintoma
Diversas pessoas roncam, mas mesmo quando o problema é insistente e perturba o próprio paciente e todos ao seu redor, é difícil convencer os responsáveis a procurar ajuda profissional.
Pois, as pessoas não costumam ver o ronco como um sinal de algum distúrbio mais sério, nem mesmo quando ele atinge as crianças. Mas, após ler este texto, espero que você tenha outra visão sobre o assunto.
Protelar a consulta com o especialista
A segunda coisa que você não deve fazer é adiar a consulta com um especialista. Depois que os sinais foram identificados e ficou provado que a criança realmente ronca e que isso está prejudicando sua qualidade de vida, não espere mais.
Não seguir à risca o tratamento proposto
Quando o especialista fizer o diagnóstico, administre todos os remédios e siga as recomendações sem ressalvas. Pois, o tratamento correto é a única coisa que pode garantir uma melhora real do problema.
Mesmo se achar que o ronco já foi resolvido, siga o tratamento médico até o fim.
Tentar resolver os sintomas com tratamentos caseiros
Muitas pessoas tentam resolver o problema do ronco em crianças com receitas caseiras de eficácia duvidosa. Existem diversos chás e exercícios que são recomendados na internet, e até algumas técnicas mais agressivas como a técnica Buteyko.
Esse método consiste em tapar a boca com uma fita durante o sono para forçar o paciente a respirar pelo nariz. Em teoria, essa técnica seria capaz de ajudar com diversas doenças, como diabetes, fadiga e apneia do sono. Contudo, seu uso, principalmente em crianças, pode ser muito perigoso.
Alguns médicos entendem que, embora seja preferível respirar pelo nariz, as pessoas não vão abrir a boca a menos que estejam com dificuldade de respirar da forma correta, e isso não é um problema que pode ser resolvido apenas cobrindo a boca.
Além do mais, se a pessoa passar mal durante a noite e quiser vomitar, por exemplo, o resultado pode ser catastrófico.
Os adultos podem até acordar caso algum problema aconteça e retirar a fita, mas isso se torna mais difícil no caso de crianças. Por isso, essa técnica deve ser fortemente evitada.
Ronco em crianças é um assunto sério
Muitas vezes o ronco em crianças não é tratado com a devida atenção e se transforma até mesmo em motivo de brincadeiras e piadas. Mas, o que muitos pais não sabem, é que há problemas sérios relacionados a essa condição.
Então, quando identificar os sintomas, não deixe de procurar um especialista.
Geralmente os tratamentos resolvem o problema totalmente e devolvem à criança e aos pais a total qualidade de seu sono, dando a eles mais energia para suas atividades diárias.