O glaucoma é uma doença ocular caracterizada por danos no nervo óptico em decorrência do aumento da pressão intraocular.
De início, o paciente é submetido a tratamentos baseados no uso de colírios e demais medicamentos, incluindo laserterapia. Contudo, quando o cuidado medicamentoso não traz resultados satisfatórios, a pressão alvo não é alcançada, é então indicada a avaliação para cirurgia de glaucoma.
Um dos principais fatores para o aumento da pressão intraocular e, consequentemente, o surgimento do glaucoma é uma deficiência na drenagem do humor aquoso pelo canal trabeculado. Logo, o tratamento visa melhorar esse escoamento reduzindo a pressão, para frear o avanço da doença e manter a visão.
Normalmente, o oftalmologista executa o exame detalhado do olho e a partir daí, prescreve o tratamento à base de colírios. Entretanto, em casos mais graves, é indicado um dos tipos de cirurgia de glaucoma, conforme avaliação médica.
Quando passar pela cirurgia de glaucoma?
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que em alguns casos a cirurgia de glaucoma é imprescindível para frear a evolução da doença. Logo, temos um procedimento profilático, ainda que não curativo, uma vez que os danos ao nervo podem ser irreversíveis.
Dito isso, temos que a cirurgia é indicada nos casos em que o tratamento clínico com colírios e laserterapia não apresentou os resultados desejados. Sendo assim, a intervenção tem, como finalidade, reduzir a pressão intraocular e melhorar a drenagem do humor aquoso.
Aliás, em casos mais graves, glaucoma agudo, a cirurgia se faz ainda mais urgente para que a pressão seja amenizada em tempo hábil. As vantagens do procedimento se fazem presentes na manutenção da visão do paciente, ou seja, impedir a cegueira definitiva.
Adiante, veremos os tipos de cirurgia, bem como recomendações pós-cirúrgicas. Mas, é importante destacar que todas as informações possíveis e necessárias devem ser prestadas ao paciente ainda durante as orientações na consulta.
Quais os principais tipos de cirurgia de glaucoma?
Ainda que a palavra cirurgia cause insegurança em algumas pessoas, é importante frisar que os procedimentos evoluíram de forma substancial nos últimos anos. Como resultado, temos intervenções minimamente invasivas, sem necessidade de internação, cuja operação e tempo de recuperação varia conforme o tipo de cirurgia.
Trabeculoplastia seletiva a laser
Atualmente, um dos procedimentos mais modernos em termos de cirurgia de glaucoma, consiste em uma técnica a laser chamada trabeculoplastia seletiva a laser, que intervém no escoamento do humor aquoso pelo trabeculado e está indicada para casos de glaucoma de ângulo aberto.
Como atua seletivamente nas células pigmentadas, não atinge outras estruturas. Deste modo, tem processo de cicatrização mais rápido e reduz a incidência de reações adversas. No procedimento, são utilizados diferentes tipos de laser, por exemplo o de argônio.
Além de moderna, esse tipo de cirurgia de glaucoma surte efeitos colaterais mínimos com duração média de até dez minutos. Ao mesmo tempo, mostra resultados a curto prazo, geralmente de um a três meses após a intervenção, é recomendada para eliminação dos colírios ou redução do número de medicamentos utilizados para o controle da doença.
Sobre os riscos, ainda que menos frequentes, pode haver edema corneano transitório, hifema, picos hipertensivos precoces e sinéquia anterior periférica.
Porém, é importante frisar que a incidência é bem reduzida e, a propósito, o procedimento se mostra mais efetivo até do que o uso de colírios. Ademais, o tempo de recuperação também é reduzido.
Trabeculectomia
Outro tipo de procedimento é a cirurgia filtrante de glaucoma, porém, indicada para casos moderados sem controle ou mais avançados.
Aqui, o cirurgião viabiliza a drenagem do humor aquoso ao abrir um pequeno orifício (iridectomia) entre córnea e esclera. A partir daí, o líquido é drenado para uma bolha filtrante, localizada sob a conjuntiva.
Trata-se de um procedimento simples com duração média de 30 a 40 minutos com aplicação de anestesia local.
Entre os riscos pós-cirúrgicos, ainda que menos frequentes temos:
- Desconforto
- Queda leve da pálpebra (ptose)
- Infecção
- Catarata
- Perda da visão
Como a tendência do organismo é fechar a fístula do procedimento, o controle dessa cicatrização fica a cargo do oftalmologista. O intuito é que a drenagem pelo orifício seja mantida pelo maior tempo possível.
Iridotomia Periférica a Laser
Neste procedimento, é feito um pequeno orifício na íris para aumentar a profundidade entre essa parte do olho e a córnea, além de melhorar a drenagem do humor aquoso. Esta abertura é feita por laser para que o líquido passe entre as câmaras posterior e anterior sem ser afetado pelo bloqueio pupilar.
Por isso, é indicado para pacientes que apresentam glaucoma de ângulo fechado, em alguns casos de síndrome de dispersão pigmentar e glaucoma pigmentar. Trata-se de um procedimento rápido, com duração média de 2 a 3 minutos por olho.
Cirurgias minimamente invasivas de glaucoma (MIGS)
Um conjunto de técnicas recentes cujo princípio básico é drenar o humor aquoso usando um dispositivo no olho do paciente. A metodologia e dispositivos adotados dependem do tipo e grau do glaucoma.
Entre os mais utilizados, podemos citar:
- Xen
- Hydrus
- CyPass
- IStent
Embora mais estudos sejam necessários, é importante falar dessas soluções e relembrar que a tecnologia é uma forte aliada da saúde ocular.
Ciclofotocoagulação transescleral a laser de diodo micropulsado
Um dos tipos de cirurgia de glaucoma inseridos entre os procedimentos ciclodestrutivos, difere dos demais por focar na produção do humor aquoso. Por isso, é recomendado para estágios mais avançados nos quais a visão tem grau considerável de comprometimento.
Sua principal finalidade é reduzir a produção do líquido intraocular ao tratar o epitélio do corpo ciliar. Um de seus principais riscos é a pressão intraocular baixa ou, ainda, atrofia do globo ocular. Por isso, a restrição de indicação desse tipo de procedimento para casos mais graves.
Implantes de drenagem
Há casos em que os procedimentos anteriores não são suficientes, então, a alternativa é o implante de drenagem. Nestes implantes, há um tipo de válvula que reduz a pressão intraocular ao conduzir o líquido para o espaço subconjuntival.
A princípio, pode parecer complexo, porém, o implante de drenagem é um procedimento minimamente invasivo e de eficácia comprovada. Os implantes são indicados principalmente para quem apresenta falência de trabeculectomia ou glaucoma neovascular. Pode ser tanto uma intervenção isolada quanto inserido na cirurgia combinada com catarata.
A indicação dos implantes de drenagem para glaucoma se justifica pela menor frequência de complicações. E, mesmo que algo do tipo ocorra, como erosão do tubo, há a possibilidade de recorrer a um novo implante.
Recomendações gerais
Apesar dos diferentes tipos de cirurgia de glaucoma, algumas recomendações são comuns a todos. A primeira delas diz respeito aos cuidados pós-cirúrgicos, que incluem evitar esforço físico e manter o uso de antibióticos ou anti-inflamatórios.
Pode ser que, logo após o procedimento, o paciente sinta a visão borrada, sintoma que persiste por um determinado período, que será acompanhado pelo especialista. Como o uso de colírios também é mantido, no período pós-cirúrgico, é possível que haja uma alteração temporária de grau.
Sabemos que o objetivo maior da cirurgia é reduzir a pressão intraocular. Porém, há casos em que, mesmo após a intervenção, é necessário prescrever medicamentos para otimizar este tratamento.
A cirurgia de glaucoma beneficia, sobretudo, quem já usa colírios, mas não obteve resultados satisfatórios.
A contraindicação para a cirurgia depende da avaliação do oftalmologista, que verificará, por exemplo:
- Estado clínico
- Tipo e grau do glaucoma
- Método da intervenção
Por isso, é fundamental uma avaliação com oftalmologista especialista em glaucoma.
Cuidados com a cirurgia de glaucoma
A cirurgia de glaucoma, em síntese, é indicada para casos nos quais a prescrição medicamentosa não se faz suficiente. O tipo de cirurgia é indicado após avaliação médica e graças às novas técnicas, é um procedimento de efeitos colaterais reduzidos ou mínimos.
Apesar de termos procedimentos modernos que visam à melhoria e manutenção da visão do paciente, é preciso passar por avaliação médica que indica qual a melhor técnica. Ademais, os resultados são diretamente proporcionais ao sucesso da cirurgia e o comprometimento do paciente com seu pós-operatório.
Como já visto, a duração da cirurgia de glaucoma depende do tipo de procedimento. Os riscos são cada vez menores, considerando a evolução das técnicas. Todos devem ser discutidos ainda no consultório e, tão logo a cirurgia seja indicada, a mesma não deve ser adiada.
O tempo de recuperação depende do método adotado, variando de dias a semanas. Independente do tipo de procedimento é recomendado ao paciente ficar de repouso na primeira semana, além de evitar claridade excessiva, pois estará com sensibilidade aumentada. Também não deve coçar os olhos.
Por certo, a escolha do profissional e um acompanhamento clínico constante são fundamentais para o sucesso da cirurgia de glaucoma. O mesmo pode ser dito da clínica ou hospital no qual a cirurgia será realizada, de forma a oferecer equipe especializada, equipamentos de ponta e suporte ao paciente.