Quais os principais sintomas do glaucoma e a importância do diagnóstico precoce

POR CÉSAR BRESSANIM - 6 MINUTOS DE LEITURA

O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira irreversível, tanto no Brasil quanto no mundo. Isso não significa, entretanto, que você deva entrar em pânico caso apresente algum dos sintomas do glaucoma. Além de informação, há profissionais especializados que podem orientar e prevenir que o problema avance. 

Quando falamos sobre as consequências do glaucoma, não exageramos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que, até 2040, mais de 111 milhões de pessoas sejam afetadas.

No Brasil, a doença foi diagnosticada em, pelo menos, 900 mil brasileiros. Aproximadamente 50% das pessoas com glaucoma não sabem que tem a doença. Por isso, é tão importante buscar fontes confiáveis de informação com a finalidade de saber os sintomas do glaucoma. Mais ainda, obter o diagnóstico correto.  

O que é o glaucoma?

O glaucoma é uma doença originada pela lesão no nervo óptico, responsável pela transmissão do que enxergamos ao cérebro. Como é pelo nervo óptico que conseguimos ver, a doença tem, como consequência, o comprometimento gradual da visão. 

E não, a pressão ocular nada tem a ver com pressão arterial, ok? 

Deste modo, a hipertensão não é um indicativo de predisposição para o glaucoma.  Porém, é importante ficar atento aos fatores de risco que vou descrever adiante.

O que causa o glaucoma?

Como vimos, o glaucoma é causado pela lesão do nervo óptico, normalmente provocada pelo aumento da pressão intraocular. 

O aumento da pressão intraocular ocorre por deficiência da drenagem  do humor aquoso pelo canal chamado trabeculado. Existem condições de predisposição ao glaucoma, por exemplo: idade superior a 45 anos, hereditariedade, miopia, diabetes e uso de colírios com corticoides. 

Todavia, ainda que a doença seja mais comum nos casos acima, os sintomas do glaucoma podem aparecer em qualquer faixa etária. 

Quais os tipos de glaucoma?

Em primeiro lugar, é importante saber que há vários tipos de glaucoma já identificados. De modo geral, o problema pode ser, por exemplo: 

  • Traumático 
  • Inflamatório
  • Congênito 
  • Crônico (ângulo aberto)
  • Agudo (ângulo fechado)

Contudo, vamos nos ater aos tipos mais comuns para trazer mais esclarecimentos.

Glaucoma crônico ou primário de ângulo aberto

Trata-se do tipo mais comum de glaucoma, representando aproximadamente 90% dos casos. Um dos desafios relacionados a ele é que, normalmente, não apresenta sintomas, até porque seu desenvolvimento é mais lento. 

Glaucoma congênito 

Neste caso, é uma questão genética rara que ocorre ainda na gestação. Os sintomas do glaucoma, aqui, são principalmente fotofobia, lacrimejamento, irritabilidade das crianças e globos oculares aumentados.    

Glaucoma agudo ou de ângulo fechado

Este é, talvez, um dos tipos de glaucoma que requerem intervenção mais urgente porque os danos irreversíveis vêm de forma rápida. A urgência se dá pelo bloqueio repentino do humor aquoso. 

Glaucoma secundário

Constitui uma categoria proveniente de complicações, por exemplo, traumas, inflamações, cirurgias, cataratas ou uso de colírios de corticoides. 

Principais sintomas do glaucoma 

Visão que começa apresentar sintomas de glaucoma

Antes de tudo, é preciso saber que os sintomas variam conforme o tipo de glaucoma. Por isso vou separar os sinais por categoria, com a finalidade de guiar a orientação. 

1) Glaucoma de ângulo fechado

Os sintomas deste tipo de glaucoma, normalmente, são: 

  • Olho inchado 
  • Incômodo geralmente em um dos olhos
  • Olho avermelhado 
  • Vista turva
  • Dor intensa
  • Náusea e vômito

2) Glaucoma congênito

Esse tipo de glaucoma é categorizado por: 

  • Globo ocular de tamanho aumentado 
  • Alterações na cor dos olhos e córnea
  • Lacrimejamento
  • Fotofobia

3) Glaucoma secundário

Os sintomas mais comuns nesses casos são:

  • Náuseas
  • Visão turva ou borrada 
  • Halos como arco-íris em torno de luzes

4) Glaucoma de ângulo aberto

Trata-se de um tipo de glaucoma normalmente assintomático e, deste modo, só notado quando há perda significativa da visão. Porém, é bom ficar em alerta quando essa redução for gradual. 

Mas, atenção: estes são os sintomas mais comuns. O que não significa, porém, que caso apresente algum deles, você tenha propriamente a doença. Da mesma forma, a ausência deles não garante a ausência do problema.  

Como vimos acima, há tipos assintomáticos e, além disso, muitas vezes os sinais aparecem tardiamente. Infelizmente é comum que o paciente apresente algum sintoma quando boa parte da visão já esteja comprometida.  

Logo, é de suma importância buscar um especialista em glaucoma, o glaucomatólogo. O caminho, normalmente, é ser atendido pelo oftalmologista que, posteriormente, encaminha a pessoa ao profissional.  

O que devo fazer ao apresentar algum sintoma?

Homem com sintoma de glaucoma consultando um oftalmologista

Quando a pessoa identifica alguns dos sintomas acima, é natural marcar uma consulta com o oftalmologista. Mas, ainda que sejam altamente qualificados, por vezes, têm dúvida quanto ao diagnóstico.

Por isso, deve-se frisar que a pressão intraocular não é suficiente para o diagnóstico adequado do glaucoma. A averiguação completa requer o exame do interior do olho.

Além disso, o profissional executa o exame detalhado do olho, considerando tanto os sintomas relatados pelo paciente quanto seu histórico. Se houver a suspeita do glaucoma, então, a pessoa é encaminhada ao glaucomatólogo para exames específicos de confirmação.  

Qual é o tratamento do glaucoma?

Até o momento, o glaucoma é uma patologia ainda sem cura, mas com o tratamento correto, a qualidade de vida é mantida. Neste sentido, a recomendação é dada conforme o tipo da doença e o próprio quadro. 

Inicialmente, há tratamentos resumidos à prescrição de colírios e eventualmente medicamentos por via oral. Porém, há situações nas quais o medicamento deve ser administrado por via intravenosa em caso de glaucoma agudo.  

A depender da situação, o médico poderá prescrever terapias a laser, como é o caso da Iridotomia a Laser, procedimento ambulatorial que visa melhorar o fluxo do humor aquoso. A trabeculoplastia seletiva a laser tem sido muito indicada atualmente por reduzir ou eliminar a necessidade quanto ao uso de colírios.

Em outros casos, o médico poderá recomendar o tratamento através de cirurgias antiglaucomatosas, que variam desde um procedimento filtrante  até o Implante de Válvulas Antiglaucomatosas. Atualmente temos as cirurgias minimamente invasivas que também permitem um controle da pressão intraocular.

Importante você saber que a indicação dos tratamentos não segue uma escala linear de gravidade, onde colírios são para casos mais simples e cirurgias para casos mais graves. A indicação vai depender, por exemplo, do tipo de glaucoma, estágio da doença e da relação entre os riscos e benefícios para o paciente. 

Ou seja, são muitos os detalhes que serão analisados e apresentados pelo especialista, para o paciente e seus familiares, para que juntos tomem a melhor decisão.

Dá para conviver com o glaucoma?

Com certeza.

Apesar de ser uma doença sem cura, os sintomas do glaucoma são controláveis. Além do tratamento adequado, hábitos saudáveis têm impacto considerável no controle. Entre eles, se destacam: 

  • Alimentação saudável, rica em nutrientes e vitaminas
  • Prática de exercícios físicos, que já está comprovada como fator de redução de risco de desenvolvimento da doença
  • Exame oftalmológico de rotina
  • Redução da ingestão diária de cafeína

Você pode estar se perguntando se dá para prevenir o glaucoma? 

A priori, ainda não, mas você pode ter o autocuidado com visitas regulares ao oftalmologista, exames rotineiros, usar colírios apenas sob prescrição e evitar lesões oculares. 

E nada de automedicação!

Diante dos sintomas do glaucoma, é preciso buscar orientação especializada, tanto para o diagnóstico correto quanto para o tratamento adequado. Sendo assim, nada de se automedicar, pois os sinais podem ou não indicar a condição. 

Analogamente, o tratamento, assim que iniciado, não pode ser interrompido, principalmente o uso contínuo dos colírios prescritos pelo médico. Afinal, o interesse maior é no controle da doença e na preservação da visão para garantir a qualidade de vida merecida.

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Dr. César Bressanim

Dr. César Bressanim

CRM 12295 / RQE 7398
Oftalmologia

Especialista em Oftalmologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Glaucoma, Segmento Anterior e Catarata. Fellow em Glaucoma pela Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa e Catarata. Membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma. Professor de Oftalmologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Em atendimento na Oftalmoclínica Cascavel.

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