Síndrome de Asperger: entenda por que não usar mais esse termo

POR #PARTIUSAÚDE - 5 MINUTOS DE LEITURA

Você sabe o que é Síndrome de Asperger? O termo ficou bastante conhecido após o aumento do número de casos de pessoas diagnosticadas com essa condição neurológica.

Hoje, no entanto, sabe-se que esse termo não é o mais correto a ser utilizado, tanto no meio científico, quanto no meio popular.

Isso porque, a Síndrome de Asperger, assim como o autismo infantil, a Síndrome de Rett, entre outros, foram reunidos em um único diagnóstico: transtorno do espectro autista (TEA).

Mas, afinal, quais os problemas do uso da nomenclatura Síndrome de Asperger?

Como as pessoas que até então eram diagnosticadas com essa síndrome hoje são reconhecidas?

Quais as características apresentadas por elas?

Tem cura?

Continue a leitura, descubra três motivos para não usar mais o termo e entenda mais sobre o assunto.

3 motivos para você não utilizar mais o termo Síndrome de Asperger

1) Não consta mais no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

Em 1994, a Síndrome de Asperger foi identificada como um subtipo do transtorno de desenvolvimento, isto é, separada do autismo.

Entretanto, a partir de 2013, o Manual foi atualizado e a Síndrome, assim como outros transtornos, foram reunidos em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA).

2) A CID11 já entrou em vigor no Brasil

Em janeiro de 2022, a CID11 (Classificação Internacional de Doenças) passou a valer no Brasil.

Com isso, o termo entrou em total desuso, justamente por entender que a Síndrome de Asperger não é diferente do autismo, mas ao contrário: faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

3) O nome da síndrome é uma homenagem ao nazista Hans Asperger

Hans Asperger e a Síndrome de Asperger

Hans Asperger foi um médico austríaco, que teve ligação direta com o nazismo. Estudos mostram que o pediatra contribui com o programa nazista de eutanásia de crianças.

Ele foi apontado como o responsável pela morte de menores que apresentavam alguma deficiência ou que não cumpriam com os requisitos de “pureza racial” e não tinham “interesse hereditário”.

Você pode trocar Síndrome de Asperger por autismo de nível 1 

Para dar conta da diversidade que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Manual Diagnóstico passou a utilizar os níveis de suporte 1, 2 e 3 como forma de atender a demanda e a especificidade de cada autista.

Assim, embora a grande maioria deles apresentem dificuldade na comunicação e interação social, tenham interesses restritos e repetitivos, os níveis de suporte serviram para diferenciar os autistas de acordo com a intensidade que manifestam tais características.

Dessa forma, não só o uso do termo Síndrome de Asperger se tornou problemático, como também a denominação “autismo leve” ou “autismo de alto funcionamento”.

Segundo autistas e estudiosos do tema, ambas as maneiras acabam relativizando as dificuldades enfrentadas pelas pessoas de nível 1 e superiorizam essas em relação às demais que são diagnosticadas no nível 2 ou 3.

Por isso, é importante lembrar que o uso correto dos termos contribuem para uma melhor compreensão sobre o que é o autismo, diminui o preconceito, além de reduzir o capacitismo e a estigmatização das pessoas do Espectro Autista.

Sintomas da Síndrome de Asperger X características do autismo de nível 1

Características da Síndrome de Asperger

Como já vimos, o termo Síndrome de Asperger apresenta uma série de equívocos. Da mesma forma, falar sobre sintomas não é o mais adequado, já que o Transtorno do Espectro Autista não é uma doença.

Por isso, o mais correto  a ser utilizado é a expressão “característica do autismo” para pontuar a especificidade de cada nível de suporte.

No caso das pessoas do espectro de nível 1 – que antes eram diagnosticadas com Síndrome de Asperger –, as características mais marcantes apresentadas por elas são as dificuldades na socialização e comunicação, interesses restritos e repetidos, que se apresentam de diversas maneiras, como:

1) Respostas atípicas ou não sucedidas para aberturas sociais

Respostas ríspidas ou muito diretas, por exemplo, que usualmente são evitadas pelo uso constante de máscaras sociais pela maioria das pessoas.

2) Interesse diminuído nas interações sociais

Introspecção, pouca habilidade social.

3) Dificuldades na comunicação

Podem não fazer contato visual ou evitar falar com alguém.

4) Hiperfoco

Interesse intenso e quase obsessivo por áreas específicas, como mapas.

5) Dificuldade em experimentar coisas novas

Rotina rígida, na qual a previsibilidade das coisas traz mais segurança para ela.

6) Comportamentos repetitivos

Mexer braços repetidamente, torcer mãos e dedos, por exemplo.

7) Problemas com coordenação

Alguns movimentos podem ser desordenados e até ser vistos como “constrangedores”.

Pessoas diagnosticadas nos níveis 2 ou 3 podem também apresentar tais características – além de outras. O que irá diferenciar cada nível será sempre a forma manifestada dessas características e a necessidade maior ou menor de suporte que cada autista vai apresentar.

Leia também:
Saiba qual a diferença entre Autismo e Síndrome de Asperger

O autismo de nível 1 tem cura?

A resposta definitivamente é não!

O autismo de nível 1 de suporte, assim como os de nível 2 e 3, não tem cura, já que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, mas uma condição do desenvolvimento neurológico.

O que pode acontecer é o autista “caminhar pelo espectro”, isto é: uma pessoa de nível 3 pode precisar de menos suporte e, por isso, ser enquadrada no nível 2. Da mesma forma, uma pessoa de nível 1 pode passar a necessitar de mais suporte e tornar-se nível 2.

Independente do diagnóstico, tem sido cada vez mais possível melhorar a qualidade de vida dos autistas, através de tratamentos, como terapia, acompanhamentos psiquiátricos e neurológico.

Junto a isso, a informação de qualidade também é uma grande aliada para a qualidade de vida dos autistas, uma vez que contribui para combater o preconceito, além de tornar o mundo um lugar mais inclusivo e respeitoso.

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